O Mercado (I)
Eis o deus-supremo, O Deus-Mercadoria
Valor único na vida, árida e vazia
Foram-se os salvadores, morreram as quimeras
Os sonhos grandes e ocos de outras eras
O Deus-Mercado, único e global,
É agora o grande deus universal
Ricos e pobres, crentes e ateus
Se curvam e rojam a este grande deus
Eis a herança sagrado-profana
De heróis e génios da espécie humana.
Tudo se afundou na doce fantasia
Que um sistema irracional e cego prometia
Toda a luta inglória por um mundo diferente
Ajudou este deus pançudo e decadente
Hoje há Mercado e consumidores... Morra de fome
E morra depressa, que não interessa, se não consome
Para e pensa humanidade insana
Que foi o pensamento que te fez humana!
Eu ouço ao longe ó louca Humanidade
Um grito, um som, talvez seja a Verdade
Talvez o desespero, eu não sei bem
E profetas agora o Mundo já não tem.
Onde param os heróis, os sábios, onde estão
Os valores a que chamais a civilização?
Onde está a Lei, a Justiça, a Glória
E a Paz onde está, esse mito da História?
Só o Deus-Mercado, absurdo e global
Reina nos escombros dum mundo irracional
Não há mais paz - acabou - nem justiça, nem nexo
Há guerra e armas, há droga e sexo
A Guerra tornou-se um valor permanente
Porque o valor, se torna maior, matando mais gente.
Viva o Drogado, que a bem do Mercado, é outro valor
Viva este ente, se já não é gente é consumidor.
Mulheres e crianças, tudo se vende, a bem do Mercado
O deus papa-gente, absurdo, inclemente, mas civilizado.
A Guerra tornou-se o grande primado à face da Terra
Porque o Mercado, deus desgraçado, não vive sem guerra
Aquele Terrorismo que aponta o abismo, quem é? Não sabeis
Pois é o Mercado, que já desesperado, não usa mais leis.
Meio globo morre de fome, não vive, não come, que hipocrisia
Do outro lado estoira o Mercado, porque não vende mercadoria
Eis as regras duras e cegas, do super-mundo civilizado
Toda a desordem da Nova Ordem do Deus-Mercado.
Lisboa, Maio de 2002
Leonel Santos
Eis o deus-supremo, O Deus-Mercadoria
Valor único na vida, árida e vazia
Foram-se os salvadores, morreram as quimeras
Os sonhos grandes e ocos de outras eras
O Deus-Mercado, único e global,
É agora o grande deus universal
Ricos e pobres, crentes e ateus
Se curvam e rojam a este grande deus
Eis a herança sagrado-profana
De heróis e génios da espécie humana.
Tudo se afundou na doce fantasia
Que um sistema irracional e cego prometia
Toda a luta inglória por um mundo diferente
Ajudou este deus pançudo e decadente
Hoje há Mercado e consumidores... Morra de fome
E morra depressa, que não interessa, se não consome
Para e pensa humanidade insana
Que foi o pensamento que te fez humana!
Eu ouço ao longe ó louca Humanidade
Um grito, um som, talvez seja a Verdade
Talvez o desespero, eu não sei bem
E profetas agora o Mundo já não tem.
Onde param os heróis, os sábios, onde estão
Os valores a que chamais a civilização?
Onde está a Lei, a Justiça, a Glória
E a Paz onde está, esse mito da História?
Só o Deus-Mercado, absurdo e global
Reina nos escombros dum mundo irracional
Não há mais paz - acabou - nem justiça, nem nexo
Há guerra e armas, há droga e sexo
A Guerra tornou-se um valor permanente
Porque o valor, se torna maior, matando mais gente.
Viva o Drogado, que a bem do Mercado, é outro valor
Viva este ente, se já não é gente é consumidor.
Mulheres e crianças, tudo se vende, a bem do Mercado
O deus papa-gente, absurdo, inclemente, mas civilizado.
A Guerra tornou-se o grande primado à face da Terra
Porque o Mercado, deus desgraçado, não vive sem guerra
Aquele Terrorismo que aponta o abismo, quem é? Não sabeis
Pois é o Mercado, que já desesperado, não usa mais leis.
Meio globo morre de fome, não vive, não come, que hipocrisia
Do outro lado estoira o Mercado, porque não vende mercadoria
Eis as regras duras e cegas, do super-mundo civilizado
Toda a desordem da Nova Ordem do Deus-Mercado.
Lisboa, Maio de 2002
Leonel Santos