Leonel Santos - Os lobos de Milosevic e os chacais da Nato

Os lobos de Milosevic e os chacais da Nato

«Então ó Nato:

Matas ou não matas?

Mato!»

A minha missão é matar, é destruir

Semear o ódio na senda do porvir.

Cortar as crianças e os velhos em pedaços

Espalhar cabeças, e pernas e braços

Por entre as ruínas de mil habitações

Reduzir tudo a chamas, a cinzas e a carvões

Numa orgia de morte e de tormento

Arrancar lágrimas, atirar ao vento

Gritos e mais gritos de desespero e dor

Eu não sou aquele Adamastor

Que ousou lutar nos arraiais das História

Aqui há cobardia...

Não há batalhas, nem luta, nem glória

Mato indefesos, famintos, desgraçados

Queimo os montes, as serras e os prados

Os filhos na barriga das mães

Os homens e os cães

As creches, as escolas, cemitérios e hospitais

Despejo os meus arsenais

Para que possa enche-los de novo e ainda

matar mais

Mandam-me os donos da CIA

As Mafias do armamento

É este mar de tormento

A minha mercadoria

Manda-me o M-16

E a Mossad judia

Faço à bomba as novas leis

Construo a Terceira Via

Queimo pontes, queimo estradas

Sanatórios, refinarias

E nas ruínas sombrias

Enterro as gentes queimadas

E para que a guerra se alongue e multiplique

Mil vezes agradeço a Milosevic

Meu amigo, meu irmão, meu aliado

Que tão boa ajuda me tem dado

Nesta nova matança cor-de-rosa

De que Hitler ficaria envergonhado

Fiz da ONU a minha cangalheira

Posso já queimar a Terra inteira

Em nome da Justiça e da Razão

Só onde houver tiranos é que não

Que um tirano não mata outro tirano

Matar gente indefesa é mais humano

Eu hoje sou carrasco e sou juiz

Hitler não passou de um aprendiz

Na arte de matar, ao pé de mim

Farei a Europa num jardim

Com bombas de napalme e com estilhaços

Sou eu que mando aí nesses palhaços

Que vão roubando e rindo e que por isso

Não podem prescindir do meu serviço

Se outrora fui mal vista e mal amada

Hoje sou "socialista" e sou civilizada

E vingo disfarçada Hitler nos Balcãs

Até que venham outros amanhãs

E as minhas bombas generosas

Façam da Europa um mar de rosas

Lisboa, Maio de 1999

Abul-Ala al-Maari