Os lobos de Milosevic e os chacais da Nato
«Então ó Nato:
Matas ou não matas?
Mato!»
A minha missão é matar, é destruir
Semear o ódio na senda do porvir.
Cortar as crianças e os velhos em pedaços
Espalhar cabeças, e pernas e braços
Por entre as ruínas de mil habitações
Reduzir tudo a chamas, a cinzas e a carvões
Numa orgia de morte e de tormento
Arrancar lágrimas, atirar ao vento
Gritos e mais gritos de desespero e dor
Eu não sou aquele Adamastor
Que ousou lutar nos arraiais das História
Aqui há cobardia...
Não há batalhas, nem luta, nem glória
Mato indefesos, famintos, desgraçados
Queimo os montes, as serras e os prados
Os filhos na barriga das mães
Os homens e os cães
As creches, as escolas, cemitérios e hospitais
Despejo os meus arsenais
Para que possa enche-los de novo e ainda
matar mais
Mandam-me os donos da CIA
As Mafias do armamento
É este mar de tormento
A minha mercadoria
Manda-me o M-16
E a Mossad judia
Faço à bomba as novas leis
Construo a Terceira Via
Queimo pontes, queimo estradas
Sanatórios, refinarias
E nas ruínas sombrias
Enterro as gentes queimadas
E para que a guerra se alongue e multiplique
Mil vezes agradeço a Milosevic
Meu amigo, meu irmão, meu aliado
Que tão boa ajuda me tem dado
Nesta nova matança cor-de-rosa
De que Hitler ficaria envergonhado
Fiz da ONU a minha cangalheira
Posso já queimar a Terra inteira
Em nome da Justiça e da Razão
Só onde houver tiranos é que não
Que um tirano não mata outro tirano
Matar gente indefesa é mais humano
Eu hoje sou carrasco e sou juiz
Hitler não passou de um aprendiz
Na arte de matar, ao pé de mim
Farei a Europa num jardim
Com bombas de napalme e com estilhaços
Sou eu que mando aí nesses palhaços
Que vão roubando e rindo e que por isso
Não podem prescindir do meu serviço
Se outrora fui mal vista e mal amada
Hoje sou "socialista" e sou civilizada
E vingo disfarçada Hitler nos Balcãs
Até que venham outros amanhãs
E as minhas bombas generosas
Façam da Europa um mar de rosas
Lisboa, Maio de 1999
Abul-Ala al-Maari